terça-feira, 19 de abril de 2016

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Coisas da escrita III

Para escrever é preciso ler o mundo. Ler poesia, escutar a música de coração aberto. Muitas vezes é escutar o silêncio do mundo. Deixá-lo entrar. Permitir a sua calma. Respirar entre as palpitações de um coração aos pulos, na sublime criação do escrever. Quando dentro de ti, pensares que não queres escrever, não assim, nem daquela maneira, deita fora os moldes com que te quiseram fazer a alma e deixa-te ir, porque escrever é isso, liberdade.
Quando pensares que não te vão reconhecer, procura o teu reconhecimento interior e encontra-te em tudo o que escreves. Cada letra, cada frase.Cada parágrafo mal enquadrado. Se não for pertença do teu coração, não a queiras para ti. Não finjas escrever aquilo que não és, nem deixes de escrever aquilo que te faz ser. Fá-lo de olhos para o céu, numa esperança de que um dia, um dia será o dia e farás de todos os dias, aquele primeiro dia em que começaste a escrever e que te encantaste com o mundo que existe nas palavras e fizestes delas pontes de entendimento para tudo no mundo.
Eu sem escrever, não sou eu. Não me avaliem, por favor. Não quero notas à minha alma.
Não me tirem vírgulas ao pensamento, nem me cortem as ideias com pontos finais. não me façam citar e referir, sem que eu possa ir lá dentro, com as minhas colegas e as crianças. Aqueles que citam não me conhecem, eu não os conheco, eles nao conhecem as crianças nem o contexto. Como podem ter frases para o futuro se o escreveram no passado?
A realidade é mutável e somos todos diferentes, no entanto, encaixamo-nos todos num parágrafo, resumido, que já está muito grande e as letras estão a abarrotar.
Eu faço grandes parágrafos porque leio rápido. É tudo uma questão de leitura. Querem frases simples e claras, porque grandes e profundas os pode fazer parecer ignorantes?
Linguagem objetiva? A riqueza da linguagem é mesmo essa, não ser objetiva.
Não use sinónimos. Se escrevessem, saberiam que as palavras não têm sinónimos. Cada uma representa uma ideia diferente da outra. Perto e próximo não são a mesma coisa. Nem distante e longe se encontram à mesma distância. Para escrever é preciso saber ler o mundo - objetividade, nunca. Se não, onde se encaixam os poetas, os pintores, os músicos, os que vêm o mundo sem esses olhos da objetividade? Trocar as lentes é caro, é despir as crenças e abandonar a essência. Misturar-me na multidão, até não me deixar de ver e desaparecer, diluida nas objetividades com que me imposeram as certezas e as verdades deles.
- Tu miuda, ainda não sabes nada desta vida. Não escreves bem. Tens de escrever melhor. Ninguém compreende o que escreves. - dizem eles, com os olhos atrás de umas lentes que lhes deram há 30 anos atrás. As tais lentes da objetividade.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

coisas da escrita II

Não mostro este blog a ninguém que eu conheça. Não me perguntem porquê, porque pensar a esta hora, depois de uma corrida longa de dia de biblioteca, acaba com os últimos neurónios que tenho, e necessito para enfrentar de sorriso na cara, este dia. Mas algumas pessoas sabem que escrevo num blog. Ainda me questionam : depois das obrigações que temos a escrever, ainda escreves?
E a resposta está aqui. Escrevo porque sinto necessidade. No fim de um dia ajuda-me a descansar, tal como a corrida ( isto pode não fazer sentido nenhum)... Aqui escrevo à minha vontade, o queme apetece e não me apetece (quando passo dias sem escrever). Não olho as v´rgulas, nem as maiúsculas e nunca, mas nunca faço revisões. Estou em falta eu sei. Planificação - redação - Revisão mas comigo é assim. sentar, escrever. ir embora e viver

quinta-feira, 7 de abril de 2016

coisas da escrita

Desta janela vejo as pessoas a passar. Olho-as e escrevo-as. Que um escritor é assim. olha e muda tudo, porque o que vê com aquelas lentes da sensibilidade, troca tudo por miúdos, letras pequeninas e analisa-as com a calma de quem tem tempo para olhar o relógio e escrever.