Domingo

A casa está vazia, os cães abrigam-se na marquise que chove no pátio. Eu aninho-me no teu sofá com as tuas mantas a ver as minhas séries. Tu foste embora para mais uma semana. Nunca te disse, mas admiro a tua coragem de perseguir os teus sonhos. E eu fico por aqui, que os meus por enquanto, ainda passam por aqui. Um dia também irei e aí também vou ser corajosa como tu.

Plano de fim de semana

Ontem tive uma insónia horrível, fruto dos horários meios loucos estive até às quatro da manhã acordada. Hoje não me consegui levantar cedo. Detesto adormecer tarde e acordar tarde. Deixa-me toda desorientada. E hoje vai ser assim, e depois o fim de semana. 

Colocar tudo na minha mala. Arrumar a roupa que resta. Que não é a minha roupa. Varrer e passar o chão. Levar o lixo. Fazer sandes para a viagem. Fazer a viagem. Ir buscar a minha cadela para minha casa. Dormir. Acordar e ir  passear na serra. Dormir. Domingo de ronha em casa. E depois à noite, o P. volta para Lisboa e eu fico com o nosso zoo. Segunda, começa tudo outra vez. A minha rotina desta vez, a solo. Mestrado, estágio, relatórios, aulas e reflexões. Sei que um dia vou ter saudades disto por isso... ( menos a parte do solo)

nem sei...

Escrevo de mim, para mim nesta melancolia que balança entre a esperança e o medo. 

Por um lado, estou cheia de sonhos e utopias, por outro, a dura realidade esbofeteia-me como que a reclamar por atenção e uma descida à terra. 

Os próximos tempos serão determinantes no meu futuro, vou ter que lutar e ser o melhor que eu sei ser. Ganhar forças de guerreira solitária e encontrar o meu equilíbrio. Ter uma rotina para que se torne de alguma forma, familiar e confortável a minha vida. 

O pior já passou, penso sempre. 21 dias é quanto demoras a adaptar-te a uma nova situação e esses já passaram.

Espero que estes dias aqui não funcionem como um retrocesso. Tive colo, apoio e atenção e agora já não tenho. Aguenta-te à bronca!

Um até já, outra vez!

Depois de uma pequena pausa, está quase na hora de regressar. E mais uma vez, a solidão de quem se despede do companheiro, por motivos profissionais. Ele fica cá em Lisboa e eu vou para Coimbra. Ganhar coragem para o estágio, para o novo, para aprender. Para a pressão da avaliação e os medos de errar. Para o regresso, todos os dias a uma casa vazia ( de humanos), porque tenho os meus cães.

Espero que corra tudo bem e eu tenha coragem para tudo. Que debaixo desta Maria coragem, às vezes nascem muitas fraquezas. E principalmente, que não me deixe levar por tristezas e nunca me esqueça de quem sou eu, neste caminho.

Fica-me daqui o sonho que tenho de voltar, para viver, para ter a minha casa, ter o meu trabalho e construir a minha família. (Nunca me imaginei a proferir tais palavras, oh)

Amar o mar...

Vi-te emaranhar nas rochas como um mar revolto que já não sabia o que era terra há muito.

Senti as pedras arrepiar,  com o encontro da terra e do mar numa pegada de um frio com cheiro de sal que não faz sede.

Senti que as coisas realmente fazem sentido, que o profundo mar esconde o segredo de azul.

 O segredo de quem desassossegado lhe adormece no colo.

Sábio, calado e profundo no fundo de todas as coisas que só se sabem às vezes.

E num momento feito instante fechei os olhos, como quem olha para dentro e ouvi-te a chegar, de repente,

de rompante sobre as rochas que acordavam tardias naquela noite de inverno e de tempestade,

segredavas a quem te ouvia que o mundo era simples e não doía,

que as viagens de nevoeiro eram feitas de luz por dentro,
e que as palavras do mundo todo cabem num rebentar de ondas... 

É Sexta feira 13!

Sexta feira, 13, um dia considerado por muitos por um dia de azar, de má sorte...  Uma fobia que até tem nome parasquavedequatriafobia . 

E é claro que esta fobia vem de onde? Ah pois é, da teologia cristã! ( desculpem, mas entre a culpa, o medo do inferno e os joelhos esfolados ser cristão deve ser uma seca!)

De acordo com a história cristã, a Eva (essa malvada) comeu o fruto proibido à sexta feira, o dilúvio começou nesse dia (também se não existisse dilúvio, depois como é que sabíamos que o Noé era tão bom construtor de arcas?!) e rebentar do drama, Jesus foi crucificado nesse dia . Estes fatores combinados com o horror (!) do 13 que representa o Judas na vida de Jesus.

Tudo isto para dizer que se alguém tinha motivos para não gostar de sexta feira treze era Jesus, cá para mim nada a apontar a esse dia, que não tenho nenhum judas na minha vida e maças estou sempre a trincá-las. (viva o pecado!)

A minha Escola Primária

Quando tinha 6 anos, entrei na Escola Primária ( não, não foi no 1º ceb, naquela altura era escola primária, não me mexam nas memórias !). 

Não sabia ler nem escrever. Nada. Nem uma letrinha que fosse.

Educada num contexto rural, já sabia caminhar horas pelo pinhal para apanhar pinhas, identificar os cogumelos comestíveis depois da vinda das primeiras chuvas, gostar dos animais como quem gosta de um irmão. Cães, gatos, porcos, galinhas, e outros afins, uma imensidão de tarefas.

A autonomia também se trabalha assim, nestas pequenas tarefas. Aliás é nas tarefas do quotidiano que faz sentido e depois, mais tarde transferir essa autonomia para outras, porque a autonomia não é algo que desapareça assim de um momento para o outro.

 Brinquedos quase não tive, mas à minha volta existia o mundo e imaginei brincadeiras com paus, plantas, animais, tudo transformado noutra coisa qualquer. 

Na minha escola primária, eu ia a pé com os meus amigos e de vez em quando, uma avó de companhia. Distraíamo-nos com as flores, as pedras e as folhas transportadas pelo vento que caiam no rio e eram transformados em barcos e numa brincadeira.

 Nunca fazíamos o mesmo caminho da mesma maneira, apesar do percurso ser o mesmo. 

Os meus dias preferidos eram dias de chuva,  quando ia de botas de galocha e encontrava nas poças os grandes lagos e eu era um gigante que fazia transbordar a sua água. Tinha só um caderno e só um livro. E além desse não tinha mais livros nenhuns... E nos dias de chuva também brincávamos. Mesmo na rua. 

Apanhávamos pinhas e paus dos pinhais para a lareira da escola que todos os dias de Inverno se acendia. Não era exigente o ensino, poucos ou nenhuns eram os trabalhos de casa, porque a vida era para ser vivida e depois da escola, tinha de ter tempo para brincar... e dessa forma simples, eu era bem feliz. 

As Cinquenta sombras de Grey

Em todo o lado que fosse na web, cá me esbarrava com este título. E eu, que adoro ler, sou uma leitora proficiente, isto é, tenho uma capacidade espetacular, leio muito rápido. Do género, super leitora! (oh capacidade útil neste mundo!)

Leio, leia-se livros de biblioteca e emprestados que o meu pequeno orçamento é um kit de sobrevivência. Mas mesmo assim leio, sem desculpas.

E sei que é mau, mas é a vida real, leio muitas coisas na net. Aqueles seres benfeitores do mundo de quem quer ler e não pode e disponibilizam pdfs de livros on line. 

E foi aí que encontrei as 39 primeiras páginas do livro “ As cinquenta sombras de Grey”.  Aqui está o link http://multimedia.fnac.pt/multimedia/PT/pdf/9789892330174.pdf.  Ok, pensei, vou ver se gosto e se gostar, vai ser fácil de encontrar alguém que me empreste, face à popularidade do bicho.

E depois de ler as tais páginas iniciais, pensei muitas vezes para mim, que tradução tão mal feita, mas depois ocorreu-me que provavelmente a escrita original é a culpada. Uma escrita óbvia, que não nos prende nas suas malhas ( pelo menos a mim, que não sou cá de embrulhos fáceis).

O positivo da situação é que é de leitura ligeira, daqueles livros que dão para ler com um olho na tv ou no pc, e na falta de uma boa série, sem mais nenhum livro em casa,  também se lê.

Agora numa postura mais soft, ler faz sempre bem, seja o que for,  esta foi apenas a minha opinião sincera deste "fenómeno literário".

O acaso é um fenómeno muito estranho...

Esta é uma frase minha, o acaso é um fenómeno muito estranho... E nasceu da experiência que tive ao longo da minha vida com a sincronia, a coincidência, o encontro do pensamento com a ação.
Dirão alguns, mas acaso é sincronia?

Para mim tem sido, que o universo dá muitas voltas, enrola-se em muitos novelos, que bem feitinhos dão peças maravilhosas, mas que também se desenrolam num só fio e por isso, e tanto mais que um dia vos vou contar,  tenho dito .... o acaso é um fenómeno muito estranho...

imagem retirada da web

Semana asiática no Lidl ( a partir de 12 de Fevereiro)

Aquela semana em que compro noodles a 0.59 e rebentos de feijão mungo e bambu a 0.79. E faço stock e vou usando... E só assim consigo variar na alimentação e comer algo diferente, fazer uso da criatividade para quando apetece outro perfil de sabores. ( às vezes ouço comentários do género ai isso é muito caro! Aqui o truque é saber comprar nas alturas certas e ter uma dose de aventura para experimentar coisas novas.)

Tofu

Sempre que como tofu, as minhas colegas experimentam e dizem… ah é tipo queijo. Pois apesar de não ser queijo é muito bom! O tofu é feito a partir dos grãos da soja, a sua textura é similar à de queijo, é branco, tem um sabor suave e muito versátil! E é  rico em proteínas. Por ser um derivado da soja, este contém as mesmas propriedades, em 100 gramas  deste alimento encontramos 85 % de água, 7,5 de proteínas e só 70 calorias.

Dá para saltear, grelhar, fritar ( embora não aconselhe), para estufar, para confecionar no forno, e até para introduzir nas sopas.Hoje o almoço é tofu. Estufado com couve e cenoura e é muito bom (infelizmente estou sem máquina, e não! o meu telefone, por estranho que pareça não tira fotos!) E vocês, como preferem comer tofu?

imagem retirada de http://blog.misakirestaurante.com.br/index.php/tag/tofu

Encontro

Lembro-me quando tinha 15 anos e tinha febre se não escrevesse. Recordo-me das noites em branco com uma caneta e um papel como confidente. Parecia uma doença que me consumia, mas ao mesmo tempo escrever apaziguava qualquer desavença do mundo. Entretanto a terra girou muitas vezes, e eu deixei de escrever.  E a vida aconteceu. E aconteceu com tanta força que me lançou outra vez às palavras. "Tu retornas sempre àquilo que és" e é bem certo, certinho como eu me chamar Sofia e a escrita fazer parte de mim.

Desabafos existenciais

Às vezes penso que a minha vida podia ser diferente, se tivesse tomado outras decisões, optado por outros caminhos, feito outras escolhas, mas esses caminhos teriam sido tudo menos os meus. 

E hoje, por muito que pense e volte a imaginar, não concebo outra vida, nem com outras pessoas, nem de outra forma. E com todos os lamentos (parvos), desilusões e coisas que me agradam menos, esta sou eu e assim é a minha vida. 

imagem retirada da web

Longe de ser perfeita, tenho um rol de defeitos característicos da minha pessoa, extremamente sensível (que é muito bom aparentemente, mas a longo prazo até mete impressão), impulsiva ( nada perfecionista, amiga do caos imediato, levo tudo à frente), umas pernas gordas que nem com corridas se afunilam e outros aspetos mais de características semelhantes... E mesmo assim, ainda prefiro ser eu a outra pessoa qualquer nem que seja pela consciência de que erro muitas vezes e estou aqui, lançada neste mundo bruto para tentar ser um ser humano melhor. Pronto já está o desabafo existencialista. Agora vou comer brócolos salteados com cebola e ovo e volta tudo ao sítio. 

Trigo sarraceno

Depois do exercício no Parque da paz, por muito que me apetecesse não ia comer arroz!!!!!! O bom do exercício é que "alimenta" a vontade de ter uma alimentação mais saudável, além de acalmar a mente, digamos que apazigua a gula.

Trigo sarraceno com ovos mexidos e tofu, foi o almoço. Com pena minha não tenho a foto, mas da próxima vez que cozinhar coloco aqui a receita. Para já, só algumas informações sobre esse senhor de nome estranho, trigo sarraceno!

170 GRS / 157.43 CALORIAS

NUTRIENTES	QUANT.	DDR (%)	DENSIDADE DO NUTRIENTE	CLASS.
MANGANÉSIO	0.68 mg	34.0	4.0	muito bom
TRIPTOFANOS	0.08 g	25.0	2.9	bom
MAGNÉSIO	85.68 mg	21.4	2.5	bom
FIBRAS	4.54 g

tabela retirada de  http://www.alimentacaosaudavel.org/trigo-sarraceno.html

A sua constituição nutricional permite-lhe ser fonte de fibra e dos minerais ferro, magnésio e fósforo. Muito bom para substituir o arroz, num daqueles dias de "oh não, outra vez arroz!" Mais tarde coloco a imagem do cereal. Podem comprá-lo no Celeiro (eu comprei em promoção, mas normalmente ronda os 1.80) e agora já existe nas áreas de comida saudável dos hipermercados. Vale a pena experimentar!

Parque da Paz

Sempre gostei de Natureza. De passear no verde, faz-me tão  sentir bem. Então se for para fazer exercício ainda melhor! Este sábado, apesar do frio estava um dia de sol lindo e o P. levou-me ao parque da Paz, que não conhecia.

imagem retirada do site da  Câmara Municipal de Almad

O Parque da paz está envolvido pela malha urbana de Almada, uma lufada de ar fresco, um respirar fundo e mais devagar. Perfeito para correr, fazer exercício, passear, namorar, descansar e recuperar energias!

Sempre na "luta da paz" pela minha vida saudável corri e fiz exercícios ao longo do percurso. Corrida ligeira ( não anotei a distância nem o tempo, mas tenho de anotar para ver se me entusiasmo mais !) 

 Foi a primeira vez que fui ao Parque da Paz, mas não será a última de certeza!

Poesia, o regresso

Voltar a mim outra vez,

de todas as formas impossíveis,

sendo inconcebívelmente  real,

enriquecendo a saudade

com memórias de coisas que ainda não aconteceram.

Porque simplesmente, não houve tempo.

Regressos inoportunos de circunstâncias,

evidentemente casuais

de paragens obrigatórias,

entre a esperança e a vontade de crescer.

Fazem parte de mim os acontecimentos

que não passaram por mim

dos quais não tive mão nem pé nem intervenção divina

em que eu participasse .

Amarro o tempo a mim e fico suspensa no ar,

leve translúcida e irreal

aspiro a sonhos que não existem por isso, voo.

 Em trajetos percorridos vezes sem conta

 na sombra de um caminho que se desenha a lápis e a amor

O azul do mar inunda-me as vistas e o extenso areal prende-me os pés .

Mas caminho mais uma vez

só que desta vez, doutra maneira qualquer.

 (Estorva -me o conforto da sombra

e o encontro mediato com o que conheço.

quero o além nos meus olhos e nos meus pés.) 

Porque os sonhos também fazem parte da vida!

Devagar... com pés de bebé é assim que nascem os sonhos ou talvez não... mas este nasceu assim.

Daqui a um ano aproximadamente termino o meu Mestrado, e nessa altura estou a pensar em vir morar para a Margem Sul. O meu namorado trabalha em Lisboa e mora relativamente perto de Almada e aqui parece o certo para algo de bom acontecer.

Ontem fomos à Costa, e de repente apaixonei-me. A ideia de morar ali, ao pé do mar creio que me iria trazer uma paz que necessito para ser feliz, saudável, equilibrada... E assim nasceu um sonho, com pés de bebé.

Depois publico aqui uma foto. (já publiquei!)

  Vou tirar uma foto, depois mostro um dia aos nossos filhos, para que eles compreendam o momento em que decidimos vir morar para aqui...

 Agora é lutar, trabalhar muito para que corra tudo bem e esperar que a vida nos pregue boas partidas!

O nascimento de algo

Este blog " A escrita dos dias" nasceu da minha tendência natural de compreender o mundo a escrever. Elaborar teses sobre o futuro parece-me pretensioso, mas creio que vá escrever sobre os meus dias e tudo o que neles acontece : poesia, educação e todas as outras paixões que cabem entre um bom dia e uma boa noite.

Porque escrever um blog é também uma atitude de partilha espero que as minhas palavras façam sentido para transformar a vida de todos os leitores ( e a minha !) num vida bem mais feliz!  E como li ainda ontem na fachada duma casa na Costa : Seja bem-vindo quem vier por bem!